domingo, 2 de janeiro de 2011

Conceitos Fundamentais para a História

Para além das noções de "paradigma" - que pode ajudar a situar um historiador relativamente a suas concepções teóricas - e para além da possibilidade de alguns historiadores se situarem em "escolas históricas" (o que não ocorre obrigatoriamente), temos na noção de "campo histórico" um outro aspecto importante que pode ajudar na apreensão da identidade teórico-metodológica de historiadores vários.

Um "campo histórico" corresponde a uma determinada modalidade histórica, e mais adiante desenvolveremos este conceito, aplicando-o à compreensão de diversas das modalidades historiográficas que, nos dias de hoje, ajudam a melhor compreender a singularidade do trabalho de cada historiador.

Por ora, gostaria de refletir sobre três conceitos importantes para os historiadores, que são os de "fonte histórica", "tempo" e "espaço". Sem compreender bem estas três instâncias, não é possível apreender minimamente o essencial de todo o fazer historiográfico.

O primeiro conceito a ser examinado, no próximo bloco de posts, é o de 'Tempo'. Existe já uma longa rede de discussões filosóficas, científicas e historiográficas sobre o Tempo. Já na própria antiguidade, podemos remeter a duas concepções de tempo diametralmente opostas: a de Aristóteles, que tendia a ver o tempo como algo exterior, objetivamente existente e independente da ação humana, e a de Santo Agostinho, que em suas "Confissões" propõe uma definição do Tempo como algo interior ao homem, dependente de sua psicologia, sensações e de suas ações. "O tempo é um movimento da alma",dizia Santo Agostinho.

De certa maneira, conforme veremos mais adiante, os historiadores precisaram sempre conciliar estas duas concepções de tempo, pois eles lidam tanto com aspectos objetivos do Tempo - particularmente os relacionados à datação precisa e àelaboração de cronologias - como com os aspectos subjetivos do tempo, uma vez que a História estuda as ações, percepções e discursos do Homem através da História. Além disso, o historiador deve dar ao seu trabalho final a forma de um texto simultaneamente narrativo e explicativo, e ele mesmo tem queordenar e ressignificar os episódios históricos elaborados na fase de pesquisa. Ao escrever uma "história", o historiador recoloca em cena os aspectos subjetivos do Tempo. Alguns autores, como Paul Ricoeur, propõem a idéia de que a História trabalha com um "terceiro tempo", que não é nem o proposto pelo modelo de Aristóteles, nem o referido pelo modelo de Santo Agostinho. Mas veremos este debate a seu tempo.

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